sexta-feira, 11 de maio de 2007

Passividade ou Medo de Arriscar?


Em visita ao blog do meu amigo VLF (www.espelhofosco.blogspot.com) deparei-me com o termo "torpor". Surgiu-me, então, a ideia de escrever sobre um tema sobre o qual já reflecti algumas vezes e que me suscita alguma curiosidade, a passividade. De facto, o entorpecimento de algumas pessoas que se encontram num estado de alma passivo, de indiferença e inércia, pessoas que assistem ao passar das horas e dos dias como se de uma obrigação se tratasse, sempre me fez pensar muito no porquê desse fenómeno e de como se desenrola.


Pessoas que optam por ser meras espectadoras da vida, estar na margem do rio a olhar para os outros que mergulham em direcção aos seus sonhos e projectos (mesmo que não saibam bem o que está no fundo do rio ou o que vão encontrar no fim), podem fazê-lo por uma questão de comodidade e despreocupação, mas pergunto-me se se sentirão realmente vivas?


A única vantagem que estes comportamentos passivos poderão, eventualmente, ter será a de não correr riscos, não estar à mercê do inesperado, o que é objectivamente uma ilusão, já que é humanamente impossível controlarmos tudo o que acontece à nossa volta...

A situação de clausura quotidiana em que vivem, onde tudo é antecipadamente estabelecido, programado e inequivocamente executado, as rotinas e rituais que elaboram são prova da necessidade que têm de controlo total sobre o ambiente que os rodeia, não deixando espaço para a mudança. Na realidade, qualquer quebra nessa rotina poderia abalar a segurança e a estabilidade interna. As relações sociais são escassas pois a imprevisibilidade e a exposição pessoal que implicam são vistas como um quebra-cabeças muito dificil de contornar.


No momento em que nascemos iniciamos um caminho, exploramos o ambiente que nos rodeia primeiro com os sentidos, mais tarde começamos a andar, o que nos dá a capacidade de explorar o mundo de uma forma autónoma, desenvolvemos então capacidades de comunicação mais avançadas e criamos uma rede social que nos permite evoluir e crescer, fazêmo-lo sem sabermos muito bem qual será o fim último dessa exploração, podemos definir objectivos, mas arriscamos sem saber o que vem a seguir....


A verdade é que desde que somos gente temos essa necessidade/vontade de procurar, descobrir, experimentar, pelo menos é o que se passa nas pessoas que se situam dentro da tão famosa curva da normalidade. Como será possível, então, que se viva uma vida (passo a redundância) a olhar para a dos outros, a ser um mero espectador do mundo, falando muito, mas intervindo muito pouco...?

3 comentários:

AlémTejo100Lei disse...

(in)Felizmente há quem seja apenas um mero espectador

Claricinha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Claricinha disse...

Rectificado o erro ortográfico.